João Ubaldo Ribeiro


Título: O Sorriso do Lagarto L129
Autor: João Ubaldo Ribeiro
Editora: Nova Fronteira
Ano: 1989
Edição: 1
Número de páginas: 368
Numa ilhota esquecida do litoral baiano, um biólogo fracassado vai gastando sua vida como dono de peixaria numa pacata comunidade de pescadores. Mas sua rotina sofre mudanças bruscas quando por lá chegam um grande político da capital e sua fogosa mulher.
Devoradores e gourmets
Circula entre os desavisados um preconceito segundo o qual a boa literatura é sempre uma coisa chata, indecifrável, que pode ser entendida apenas por sisudos "literatos" e "iniciados". Simetricamente, pensa-se que histórias com cientistas malignos, experimentos genéticos e muito sexo não poderão nunca ser mais que uma leitura descartável, um romance de aeroporto. João Ubaldo Ribeiro, em sua obra mais conhecida, prova estarem erradas tanto uma quanto outra coisa. "O Sorriso do Lagarto", romance que já foi adaptado em minissérie pela TV Globo, tem, sim, sexo, experimentos genéticos e cientistas malignos. E nem por isso deixa de abordar, elegantemente, temas como Deus, o Homem, o Bem e o Mal, a consciência, o sentido da vida. Tudo vazado no estilo sensual de João Ubaldo, que não dispensa momentos de virtuosismo, como quando transmite o fluxo de consciência de uma dona de casa sob o efeito de maconha. O escritor criou uma aura de malignidade e decadência que permeia toda a ação. Seus personagens, inclusive o vilão, o doutor Lúcio Nemésio, são dolorosamente reais, compreensíveis e humanos. A trama segura imediatamente o leitor e caminha de forma inexorável para um final tão surpreendente quanto melancólico. Devoradores de bestsellers, vocês vão adorar este livro. Gourmets da literatura também.-- por Renato Domith Godinho

Título: A Casa dos Budas Ditosos - Luxuria -col. Plenos Pecados L155
Autor:
Ribeiro, Joao Ubaldo
Editora: Objetiva
Ano: 1999
Edição: 1
Número de páginas: 164
Ao receber, segundo afirma, um pacote com a transcrição datilografada de várias fitas, gravadas por uma misteriosa mulher, o escritor João Ubaldo Ribeiro não podia imaginar o que o esperava. E é agora você, inocente leitor, que sequer pode suspeitar o que o aguarda em cada uma das páginas deste livro. Nelas se conta uma vida. E a suposta autora teria enviado seu testemunho para que fosse utilizado para o volume sobre a luxúria da Coleção Plenos Pecados. O escritor aceitou o oferecimento e o resultado final está agora diante de você. Que deve preparar-se para um relato pouco comum, às vezes chocante, às vezes irônico, sempre instigante. Na verdade, dificilmente a ficção poderia alcançar os limites do que a devassa senhora viveu e narra em detalhes riquíssimos. Se o leitor tem alguma dúdida, ela logo se dissipará, neste fascinante mergulho na vida espantosa de uma mulher sem dúvida excepcional , cuja narrativa alcança as dimensões de um retrato sociológico de toda uma cultura e uma geração, envolvendo um dos pecados mais indomáveis, e capitais

Título: Diário do Farol L277
Autor:
Ribeiro, Joao Ubaldo
Editora: Nova Fronteira
Ano: 2002
Edição: 1
Número de páginas: 304
Diário do farol é o relato autoral de um clérigo amoral e inescrupuloso, que no outono da sua existência resolve inventariar seu rosário de maldades, perpetradas com requintes extremos desde a infância no seminário - de início, sob o pretexto de vingar os maus-tratos do pai; posteriormente, ainda mais sofisticadas, devido ao desprezo de uma mulher.
Auto-exilado numa ilha onde pontifica um farol, o bilioso e mesquinho padre dialoga com o leitor para provocá-lo com uma realidade na qual não há bem ou mal, e assim tentar demovê-lo de qualquer noção redentora. Conseguirá? Para ele, não há transcendência, o Universo nos é indiferente e a todos foi negada essa Revelação. Não por acaso, o farol de sua ilha chama-se Lúcifer, ´aquele que detém a Luz´..
O leitor é advertido desde a epígrafe: ´Não se deve confiar em ninguém´. A vida real é feita de rupturas, exceto para aquela maioria dos homens que perde a oportunidade de viver de fato por nunca romper com nada realmente importante, adverte-se. Num testemunho insidioso, que concilia situações hilariantes com outras de horror repulsivo e escatológico, somente o cinismo impera. Nisso, põe-se o padre a fazer troça dos ´católicos que acreditam nas besteiras do catolicismo´ e a manipular todos, fiéis ou descrentes, para atingir seus fins amorais, chegando à sofisticação de submeter-se voluntariamente a sessões de tortura para dar vazão a seus caprichos vingativos.
Um mal que - posto em tom neutro como só é possível por meio de uma arte superior como a literatura - nos permeia a todos e nos leva a refletir sobre nossa condição social e humana. Um mal na sua essência, que nada tem de panfletário e denunciador, que encontra solo fértil na sociedade e no sistema político atuais.

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(...) Cada livro, cada volume que você vê, tem alma. A alma de quem o escreve, e a alma dos que o leram, que viveram e sonharam com ele. Cada vez que um livro troca de mãos, cada vez que alguém passa os olhos pelas suas páginas, seu espirito cresce e a pessoa se fortalece.

(A Sombra do Vento - Carlos Ruiz Zafón)