Miguel Sousa Tavares - Equador


Título: Equador
Autor: Miguel Sousa Tavares L202
Editora: Nova Fronteira
Ano: 2004
Edição: 1
Número de páginas: 527


Equador", romance de estréia do jornalista português Miguel Sousa Tavares, transporta o leitor para a colônia portuguesa de S. Tomé e Príncipe, no ano de 1905. Para lá segue o protagonista, Luís Bernardo Valença, deixando para trás sua vida de luxo em Lisboa para uma missão patriótica como governador nas ilhas africanas, onde tem a espinhosa missão de convencer um enviado do governo inglês de que não há trabalho escravo nas roças locais. O livro é leve, para se ler num fôlego só.

Uma tour de force !
Este é um livro excelente, com uma narrativa sedutora de um período na história lusitana desconhecido por aqui. Além disso o retrato da colonização portuguesa em São Tomé e Príncipe parece desnudo de sentimentalismos colonizantes, um risco sempre presente na literatura do colonizador. É também um retrato de particular interesse para nós brasileiros que podemos ver claramente os muitos traços que temos em comum com outra colônia portuguesa, mesmo que nossa independência tenha pré-datado a deles por mais de 150 anos. A exemplo, temos a dívida portuguêsa de extraordinárias proporções ao império britânico, que também herdamos de Portugal e que ainda hoje deixa sequelas na realidade brasileira de início do século XXI. É um romance claramente estruturado, em três atos, surpreendente no imaginário e na possibilidade de simbolismo dos personagens. Apesar de sua sensível, rápida e leve narrativa, a impressão é de que nada foi deixado ao acaso. Personagens e detalhes se entrelaçam como bons fios de tecido rico, deixando entrever só ao olho míope a trama rica e complexa. Este é também um romance de leitura excepcionalmente engajante e trágico, uma ópera quase. A grafia portuguesa, mantida a pedido do autor só enriquece o leitor brasileiro e ainda que haja muitas palavras fora da nossa norma brasileira, este livro só enriquece aqueles que o lêem com exemplos aliciantes de vocabulário de uso diário que aparecem na narrativa com usos raramente empregados no Brasil, como os usos do verbo saber em diversas ocasiões no livro. Estas diferenças não impedem a leitura corrente do romance nem requerem uma ida compulsiva ao dicionário. Mas seduzem e fazem pensar. É sem dúvida uma obra deslumbrante! Recomendo a todos, com cinco submarinos. Não se arrependerão Ladyce West de Rio de Janeiro, RJ, 26/1/2005

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(...) Cada livro, cada volume que você vê, tem alma. A alma de quem o escreve, e a alma dos que o leram, que viveram e sonharam com ele. Cada vez que um livro troca de mãos, cada vez que alguém passa os olhos pelas suas páginas, seu espirito cresce e a pessoa se fortalece.

(A Sombra do Vento - Carlos Ruiz Zafón)