Rose Tremain

Título: Terra Sagrada L766
Autor: Rose Tremain

Editora: Rocco
Ano: 1999
Edição:1
Número de páginas: 412
Aos seis anos, Mary Ward teve uma revelação: ela era um menino! A descoberta aconteceu no momento exato em que sua família, dona de uma pequena fazenda em Swaithey, no interior da Inglaterra, dedicava solenes dois minutos de silêncio em memória ao Rei George. Não que um fato tivesse a ver com o outro - foi uma coincidência, um relâmpago intenso em meio à serenidade do campo inglês. "Sou um garoto", era só nisso que pensava Mary. Neste envolvente livro da romancista inglesa Rose Tremain você verá como se passaram os 30 anos seguintes na vida do paradoxo Mary/Martin, um menino que, por engano, nasceu dentro de um corpo feminino. A comparação com Orlando, de Virginia Woolf, parece inevitável. Mas, prepare-se. Se Woolf escrevia numa mistura de delicadeza e agonia, Tremain tem um estilo seco, quase rascante, sem desprezar, entretanto, a poesia e o humor. Essa mistura bem medida permite que se entre sem compaixão no mundo peculiar de personagens outsiders como a mãe de Mary, Estelle, uma linda mulher que carrega uma suave demência - abençoada demência que se torna refúgio inalcançável para o marido, o tirânico Sonny, um espinho na alma de Mary, ou Martin. O complicado núcleo familiar se completa com o irmão, Timmy, desde pequeno um usurpador dos afetos destinados a Martin. O tema central de Terra sagrada é a saga de Mary em busca de Martin. Numa narrativa linear, entremeada por trechos em primeira pessoa de Mary e Estelle, Tremain pincela o cenário repressivo da vida rural inglesa dos anos 50, a Londres dos 60 até a América alternativa de Nashville dos anos 70. Mary foge de casa, passa por dolorosas cirurgias para troca de sexo, faz psicanálise, enfrenta amores e desenganos. Abordando temas tão polêmicos quanto a loucura, o desajuste social e a transexualidade, a autora reafirma seu talento ao investigar, numa viagem sem volta pela sagrada e vasta terra, os mistérios e contradições do homem moderno, dividido entre seus dramas pessoais e as mudanças históricas que não consegue compreender.

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(...) Cada livro, cada volume que você vê, tem alma. A alma de quem o escreve, e a alma dos que o leram, que viveram e sonharam com ele. Cada vez que um livro troca de mãos, cada vez que alguém passa os olhos pelas suas páginas, seu espirito cresce e a pessoa se fortalece.

(A Sombra do Vento - Carlos Ruiz Zafón)