Jose Saramago


Título: A Viagem do Elefante L895
Autor: José Saramago
Editora: Companhia das Letras
Ano: 2008
Edição: 1
Número de páginas: 264
"Por muito incongruente que possa parecer...", assim começa o novo romance - ou conto, como ele prefere chamá-lo - de José Saramago, sobre a insólita viagem de um elefante chamado Salomão, que no século XVI cruzou metade da Europa, de Lisboa a Viena, por extravagâncias de um rei e um arquiduque. O episódio é verdadeiro. Dom João III, rei de Portugal e Algarves, casado com dona Catarina d´Áustria, resolveu numa bela noite de 1551 oferecer ao arquiduque austríaco Maximiliano II, genro do imperador Carlos V, nada menos que um elefante. O animal viera de Goa junto com seu tratador, algum tempo antes. De início, o exotismo de um paquiderme de três metros de altura e pesando quatro toneladas, bebendo diariamente duzentos litros de água e comendo outros tantos quilos de forragem, deslumbrara os portugueses, mas agora Salomão não passava de um elefante fedorento e sujo,mantido num cercado nos arredores de Lisboa. Até que surge a idéia mirabolante de presenteá-lo ao arquiduque, então regente da Espanha e morando no palácio do sogro em Valladolid. Esse fato histórico é o ponto de partida para José Saramago criar, com sua prodigiosa imaginação, uma ficção em que se encontram pelos caminhos da Europa personagens reais de sangue azul, chefes de exército que quase vão às vias de fato, padres que querem exorcizar Salomão ou lhe pedir um milagre.Depois de percorrer Portugal, Espanha e Itália, a caravana chega aos estreitos desfiladeiros dos Alpes, que Salomão enfrenta impávido. A viagem do elefante, primeiro livro de José Saramago depois do relato autobiográfico Pequenas memórias (2006), é uma idéia que ele elaborava há mais de dez anos, desde que, numa viagem a Salzburgo, na Áustria, entrou por acaso num restaurante chamado O Elefante. Com sua finíssima ironia e muito humor, sua prosa que destila poesia, Saramago reconstrói essa epopéia de fundo histórico e dela se vale para fazer considerações sobre a natureza humana e, também, elefantina. Impelido a cruzar meia Europa por conta dos caprichos de um rei e de um arquiduque, Salomão não decepcionou as cabeças coroadas. Prova de que, remata o autor, sempre se chega aonde se tem de chegar.


Título: Ensaio sobre a Cegueira L803
Autor: José Saramago
Editora: Companhia das Letras
Ano: 1995
Edição: 23
Número de páginas: 312

Um motorista parado no sinal se descobre subitamente cego. É o primeiro caso de uma "treva branca" que logo se espalha incontrolavelmente. Resguardados em quarentena, os cegos se perceberão reduzidos à essência humana, numa verdadeira viagem às trevas.
O Ensaio Sobre a Cegueira é a fantasia de um autor que nos faz lembrar "a responsabilidade de ter olhos quando os outros os perderam". José Saramago nos dá, aqui, uma imagem aterradora e comovente de tempos sombrios, à beira de um novo milênio, impondo-se à companhia dos maiores visionários modernos, como Franz Kafka e Elias Canetti.Cada leitor viverá uma experiência imaginativa única. Num ponto onde se cruzam literatura e sabedoria, José Saramago nos obriga a parar, fechar os olhos e ver. Recuperar a lucidez, resgatar o afeto: essas são as tarefas do escritor e de cada leitor, diante da pressão dos tempos e do que se perdeu: "uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos".

Título: As Intermitências da Morte L183
Autor: Saramago, José
Editora: Companhia das Letras
Ano: 2005
Edição: 1
Número de páginas: 208
"Não há nada no mundo mais nu que um esqueleto", escreve José Saramago diante da representação tradicional da morte. Só mesmo um grande romancista para desnudar ainda mais a terrível figura. Apesar da fatalidade, a morte também tem seus caprichos. Cansada de ser detestada pela humanidade, a ossuda resolve suspender suas atividades. De repente, num certo país fabuloso, as pessoas simplesmente param de morrer. E o que no início provoca um verdadeiro clamor patriótico logo se revela um grave problema. Idosos e doentes agonizam em seus leitos sem poder "passar desta para melhor". Os empresários do serviço funerário se vêem "brutalmente desprovidos da sua matéria-prima". Hospitais e asilos geriátricos enfrentam uma superlotação crônica, que não pára de aumentar. O negócio das companhias de seguros entra em crise. O primeiro-ministro não sabe o que fazer, enquanto o cardeal se desconsola, porque "sem morte não há ressurreição, e sem ressurreição não há igreja". Um por um, ficam expostos os vínculos que ligam o Estado, as religiões e o cotidiano à mortalidade comum de todos os cidadãos. Mas, na sua intermitência, a morte pode a qualquer momento retomar os afazeres de sempre. Então, o que vai ser da nação já habituada ao caos da vida eterna? Ao fim e ao cabo, a própria morte é o personagem principal desta "ainda que certa, inverídica história sobre as intermitências da morte". É o que basta para o autor, misturando o bom humor e a amargura, tratar da vida e da condição humana.


Título: A Jangada de Pedra L279
Autor:
Saramago, José
Editora: Companhia das Letras
Ano: 1999

Edição: 1
Número de páginas: 317

Racham os Pirineus, a Península Ibérica se desgarra da Europa. Transformada em ilha - Jangada -, navega à deriva pelo oceano Atlântico. A esse espetacular acidente geológico somam-se outros insólitos que unem os quatro personagens principais do romance numa viagem apocalíptica e utópica pelos caminhos da linguagem e, por meio dela, pelos da arte e da cultura peninsulares. A ínsula ibérica vagueia ao acaso de um mar tecido de muitos mitos e história. A história dos povos ibéricos, José Saramago a conta e reconta pela memória de um narrador, múltiplo de si mesmo e dos personagens cujas andanças acompanha. Os mitos se costuram nas pedras da fratura de que se fez a jangada. Neles se recuperam as crônicas, peregrinações de heróis anônimos ou notórios da identidade ibérica, todos notáveis, D. Quixote entre uns, os peregrinos de Santiago de Compostela na Idade Média entre outros. Narrativa perfeita na qual os fantasmas do inconsciente pousam familiarmente no cotidiano; surrealismo vigoroso que torna o incomum realidade, criando as condições oníricas para virar o mundo às avessas e, então, contar-lhe, com ironia e graça, os transtornos de erros e acertos, de enganos e desenganos. Posto assim ao contrário de si mesmo e de suas aparentes e reais firmezas, o mundo abre-se para a aventura ficcional da desconstrução das certezas das palavras e dos objetos; deixa-se viajar no estranhamento que daí decorre; reencontra-se em signos velhos e cristalizados: signos novos contudo, nos enigmas em que se tornam, reveladores também nas fantásticas soluções narrativas que desencadeiam.



Título: O Evangelho Segundo Jesus Cristo L280
Autor:
Saramago, José
Editora: Companhia das Letras
Ano: 1991

Edição: 1
Número de páginas: 448
A humanização de Cristo
Quando apareceu, em 1991, o romance de José Saramago causou controvérsia e indignação por parte da Igreja Católica de Portugal. O livro não chegou a ser proibido, mas Saramago, marxista impenitente, foi considerado uma espécie de anti-Cristo pelos mais fanáticos. O livro possui algo de transgressivo porque narra a história do nascimento, obra e padecimento do Cristo, valendo-se do argumento de que ele não deixou de ser, em nenhum momento, um homem comum. Daí o milagre ser apresentado no livro como resultado de mágica e a paixão nada mais que a tragédia da fé. Cristo nasce como qualquer ser, “sujo do sangue da mãe”, e é crucificado até morrer. A última imagem do romance é uma tigela negra, posta no chão da cruz, para onde goteja o sangue de Jesus. Heresias à parte, o livro se sustenta pela narrativa densa e a linguagem poética. -- por Luís Antônio Giron
A história do homem Jesus Cristo
A idéia estava no ar. No Brasil e na Itália, surgiam Evangelhos Segundo Judas. Era um atrevimento. Em Portugal, Saramago viu que o mais importante era o de Cristo. Era menos atrevido e, também, mais frutífero. O Jesus de Saramago não é o Filho do Homem. É o Homem, é o Filho de José e Maria, que "nasceu como todos os filhos dos homens, sujo do sangue de sua mãe, viscoso de suas mucosidades e sofrendo em silêncio. Chorou porque o fizeram chorar, e chorará por este mesmo e único motivo." Não foram Reis-Magos e sim pastores, e não eram ouro, incenso e mirra, e sim o leite, o queijo e o pão que um recolheu, outro fabricou e o terceiro amassou. No fim, na cruz, "havia nele um resto de vida quando sentiu que uma esponja embebida em água e vinagre lhe roçava os lábios." Uma história linda e triste. -- por Renato Pompeu



Título: A Caverna L281
Autor:
Saramago, José
Editora: Companhia das Letras
Ano: 2000

Edição: 1
Número de páginas: 352
O décimo romance do prêmio Nobel de literatura faz uma releitura da “Caverna” de Platão, no qual escravos acorrentados dentro de uma caverna vêem apenas as sombras do mundo externo e acreditam que aquela é a realidade. Quando um deles sai da caverna e volta para contar sobre o “mundo real” é recebido com desdém e incredulidade pelos demais. No livro de Saramago, a ação se passa em uma construção enorme, chamada Centro. Em um prédio de 50 andares, as pessoas que lá vivem são monitoradas por câmeras de vídeo, não vêem a luz do dia e têm como entretenimento um shopping center, um bingo, um cassino, jardins suspensos e até um tipo de Muralha da China
O mito revisitado
Saramago escrevia este livro quando recebeu o prêmio Nobel de Literatura, em 1998. Devido aos múltiplos compromissos decorrentes da premiação, só conseguiu publicá-lo em novembro de 2000. Em "A Caverna", última obra da chamada “trilogia involuntária”, da qual fazem parte “Ensaio sobre a Cegueira” e “Todos os Nomes”, Saramago utiliza-se do mito platônico para criar uma alegoria sobre a sociedade contemporânea e a sua “miopia”. A história gira em torno de uma construção chamada “Centro”, um prédio de 50 andares monitorado por câmeras de vídeo e onde a luz do sol não entra. As personagens vagam perplexas frente à impossibilidade de fugir desta realidade. Cipriano Algor, um oleiro que vê seus pratos de barro serem substituídos por produtos de plástico, muda-se para lá. Ele tem a companhia de seu cunhado, Marçal Gacho, vigia do Centro, sua filha e o cão Achado. Saramago constrói uma narrativa consistente, de ironia sutil ao mostrar como o homem contemporâneo perdeu-se dentro das diversas realidades criadas por ele, optando por olhar o mundo por meio de simulacros.-- por Samantha Arana



Título: História do Cerco de Lisboa L282
Autor: Saramago, José
Editora: Companhia das Letras
Ano: 1998

Edição: 1
Número de páginas: 348
A história da tomada de Lisboa aos mouros no ano de 1147 e a crônica de um inesperado encontro amoroso na Lisboa de hoje: duas narrativas, tecidas e entretecidas de maneira brilhante, que fazem da História do cerco de Lisboa uma densa e fascinante meditação sobre a natureza e as relações entre a ficção e a história, o vivido e o narrado. Um dos mestres da literatura portuguesa contemporânea, Saramago explora neste livro as possibilidades do romance como meio de recriar o passado e o presente.

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(...) Cada livro, cada volume que você vê, tem alma. A alma de quem o escreve, e a alma dos que o leram, que viveram e sonharam com ele. Cada vez que um livro troca de mãos, cada vez que alguém passa os olhos pelas suas páginas, seu espirito cresce e a pessoa se fortalece.

(A Sombra do Vento - Carlos Ruiz Zafón)