Paolo Giordano - A Solidão dos Números Primos



Título: A Solidão dos Números Primos L1071
Autor: Paolo Giordano
Editora: Rocco
Ano: 2009
Edição: 1
Número de páginas: 288


O romance A Solidão dos Números Primos recebeu o prêmio Stregga e a menção honrosa do Campiello, os dois prêmios mais importantes da Itália, onde já foi lido por mais de um milhão e 300 mil pessoas - marca que elevou o autor ao topo da lista dos mais vendidos.O romance é uma pequena coleção das dores de uma juventude a qual Giordano conhece bem. Ao se concentrar na história de Alice e Mattia, os dois protagonistas, o autor faz também um relato da pequena burguesia italiana em capítulos que vão de 1983 a 2007, período em que evolui cronologicamente a narrativa. Dois acidentes dão a partida à cadência da trama: Alice é uma menina que fora forçada pelo pai a ser uma brilhante atleta. Em um dia de treino, sofre uma queda que a deixará marcada para sempre. Mattia é um pequeno gênio da matemática. A caminho de uma festinha de aniversário, deixa a irmã gêmea, da qual se envergonha, sozinha num banco de praça e nunca mais a vê.
Marcados por suas histórias e um sentimento permanente de inadequação, Alice e Mattia se conhecem na escola e, desde então, ficam cada dia mais unidos. A fixação por belas imagens faz com que Alice torne-se fotógrafa. Mattia tem uma maneira particular de ver o mundo, sempre por teoremas matemáticos - e não por acaso torna-se um brilhante cientista. E é assim, através do olhar aguçado de Alice e das hipóteses lógicas de Mattia, que Giordano conduz a narrativa densa e sensível de seu premiado romance de estreia.Segundo o autor, os protagonistas "são típicos representantes de uma burguesia abastada, que dá conforto aos filhos, mas os deixa sozinhos". É de maneira cortante que Giordano dá conta desta solidão - como ao descrever o pai que não se dá ao trabalho de tirar o cinto de segurança para dar um beijo no filho, ao deixá-lo na escola. Ou a família que não percebe a anorexia da filha, disfarçada por uma barreira de copos diante de um prato de refeição intocado.
É difícil falar de um livro que te emociona tanto. São histórias não para serem contadas, mas para serem sentidas. E como doem essas histórias! Um livro extremamente "humano", que fala dessa solidão "nossa", que de uma forma ou de outra todos nós temos, que fala de culpa, e do quanto uma escolha errada pode marcar para sempre a vida de uma pessoa. De uma criança. De como podemos ser cruéis nos nossos julgamentos, ao culpar alguém por um erro, por uma falha. Ele mostra como sofremos por não sabermos nos comunicar com o outro e o tanto que poderia ser evitado com uma conversa, com um abraço; e descreve de forma brilhante o psicológico dos personagens. Além de tudo isso, é um livro que fala de amizade e de amor, e sobre aceitar as diferenças.Eu ainda estou torcendo por Mattia e Alice.
Preciso comentar também desse título, que é lindo e que foi o que chamou minha atenção para o livro, e se encaixa perfeitamente na história. Quando terminei, pensei: "realmente, são como dois números primos encaixados no meio de outros, mas com qualquer coisa que os distingue... Conservam um mistério sedutor que cativa o nosso interesse do início ao fim". Cumpre-se a expressão matemática "números primos gêmeos"...

Nenhum comentário:

 
(...) Cada livro, cada volume que você vê, tem alma. A alma de quem o escreve, e a alma dos que o leram, que viveram e sonharam com ele. Cada vez que um livro troca de mãos, cada vez que alguém passa os olhos pelas suas páginas, seu espirito cresce e a pessoa se fortalece.

(A Sombra do Vento - Carlos Ruiz Zafón)