Ruth Rendell - Mais Forte que a Morte

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Título: Mais Forte que a Morte L1470

Autor: Ruth Rendell

Editora: Rocco

Ano: 2005

Edição: 1

Número de páginas: 380

Mais forte que a morte, a novela de suspense de Ruth Rendell situa o crime num cenário contemporâneo em que a violência das grandes cidades está presente, mas não é o elemento catalisador para um ou mais assassinatos. O preconceito é o maior tabu que os personagens enfrentam, pois é por temor da rejeição pública que ninguém, nesta história, é exatamente o que aparenta.

A primeira vítima é um anti-herói sem caráter, que vive às custas das mulheres que conquista. Esse escroque serve de elo entre personagens de classes sociais e culturais diferentes, que estamos acostumados a encontrar no noticiário, como as mulheres bonitas em busca de sucesso instantâneo através da mídia, o político conservador que esconde sua homossexualidade atrás de um casamento de fachada ou crianças amadurecidas precocemente porque os pais se furtam a educá-las.

Ruth Rendell não cria personagens totalmente bons ou perversos ao extremo. Jeffrey Leach, o vigarista que troca de nome a cada nova mulher que convence a sustentá-lo, sente saudades dos filhos que abandonou, como qualquer pai separado. O político gay trata friamente a mulher com quem se casou, mas preocupa-se em garantir o patrimônio dela e dos enteados, embora deteste crianças.
As esquisitices de personagens bizarros, que poderiam existir em qualquer época, como a jovem que tem mania de limpeza e vê fantasmas, são inseridas numa Londres moderna. O anoréxico casado com uma dona-de-casa que sofre de obesidade mórbida é apresentador de um programa de televisão sobre distúrbios alimentares. Os jornalistas ávidos por notícias escandalosas acabam ajudando a polícia a descobrir os criminosos, de tanto procurar novos fatos. Aos personagens fortíssimos – nenhum é propriamente um protagonista e todos têm personalidades marcantes – somam-se elementos que poderiam figurar em relatos de qualquer época: bigamia, casamento de conveniência, insanidade e a busca do poder.

Mais forte que a morte não é um romance policial nos moldes tradicionais. Na verdade, o que Ruth Rendell faz, com maestria impressionante, é visitar os mais remotos cantos da mente assassina e explorar sua loucura com mão de mestra.

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(...) Cada livro, cada volume que você vê, tem alma. A alma de quem o escreve, e a alma dos que o leram, que viveram e sonharam com ele. Cada vez que um livro troca de mãos, cada vez que alguém passa os olhos pelas suas páginas, seu espirito cresce e a pessoa se fortalece.

(A Sombra do Vento - Carlos Ruiz Zafón)